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AS FIBRAS MAIS NOBRES DO MUNDO

  • Foto do escritor: desalinhandoideias
    desalinhandoideias
  • 5 de jun.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 30 de jul.

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Quando falamos de luxo na moda, a conversa vai muito além de marcas, entra no território das fibras raras, com histórias milenares, texturas únicas e processos quase artesanais. São fibras que vestiram a realeza, atravessaram séculos e ainda hoje são desejadas por estilistas, designers e colecionadores.

As “fibras nobres” são naturais e exigem cultivo ou criação cuidadosa, têm volume limitado e alto custo, por exemplo: a vicunha só produz fibra para uma jaqueta com cerca de 35 animais, porque cada animal só produz uma quantidade muito pequena algo em torno de 150 gramas por ano. Para fazer uma única jaqueta, precisa de aproximadamente 5 quilos de fibra, a coleta respeita o tempo delas e não pode ser feita com pressa ou em grande quantidade, fazendo com que o preço final dessa jaqueta chegue em mais de US$ 30. 000.



Seda: o brilho eterno do luxo natural



A seda é uma fibra proteica produzida pelo bicho-da-seda (Bombyx mori) ao formar seu casulo.

O fio de seda é extraído desses casulos, sendo a única fibra natural com brilho lustroso intenso. O fio pode ter até 1.500 metros de comprimento contínuo o mais longo entre as fibras naturais.


Origem e história

Surgiu na China antiga, por volta de 2700 a.C. Por séculos, o segredo da produção foi guardado como um mistério de Estado, punido com a morte se revelado.

A Rota da Seda foi uma das principais rotas comerciais da história, conectando Oriente e Ocidente por terra e mar. Símbolo de status e espiritualidade, a seda era usada por imperadores, sacerdotes e nobres.



Cashmere: leveza e calor que vêm das alturas



O cashmere (ou caxemira) é uma fibra natural obtida do subpelo macio das cabras da região da Caxemira, que abrange partes da Índia, Paquistão, China e Mongólia. Esse subpelo cresce para proteger os animais do frio extremo do inverno e é penteado ou escovado (não tosado) na troca de pelagem na primavera.


Origem do nome

O nome “cashmere” vem da antiga grafia da região da Caxemira, famosa desde o século XIII pela produção de xales finíssimos feitos com essa fibra.



Lã Angorá: suavidade encantadora e dilemas éticos



A lã angorá é uma fibra natural proveniente do coelho angorá, famoso por seu pelo extremamente fino, macio e sedoso. É uma das fibras mais leves do mundo e também uma das mais quentes pode ser até sete vezes mais quente que a lã de ovelha!


Origem

O coelho angorá tem origem na Turquia, mais especificamente na região de Ancara (antiga Angorá). A fibra começou a ganhar fama na Europa no século XVIII, especialmente na França.




Mohair: brilho e resistência do bode angorá



O mohair é uma fibra têxtil natural luxuosa produzida a partir do pelo da cabra Angorá, uma raça originária da Turquia.

Essa fibra é valorizada por sua maciez, brilho acetinado e excelente capacidade de tingimento.


Origem

A fibra vem exclusivamente das cabras da raça Angorá, os principais produtores mundiais são a África do Sul (líder global), os Estados Unidos e a Turquia.



Alpaca: nobreza andina e suavidade hipoalergênica



A lã de alpaca é uma fibra natural obtida do pelo da alpaca, principalmente das raças Huacaya (com lã mais fofa e ondulada) e Suri (com lã sedosa e brilhante em forma de mechas).


Origem

O Peru é o maior produtor mundial, responsável por mais de 80% da lã de alpaca.

As alpacas são tosquiadas uma vez por ano, geralmente na estação seca (maio a outubro), rendendo cerca de 2 a 4 kg de fibra por animal, a tosquia é feita manualmente e com muito cuidado, sem causar sofrimento ao animal.



Vicunha: a fibra mais fina e rara do planeta



A vicunha (Vicugna vicugna) é um animal silvestre protegido por leis internacionais e locais.

É o menor camelídeo dos Andes e símbolo nacional do Peru, antigamente sua lã era usada exclusivamente pela nobreza inca.


Origem

A fibra de vicunha (ou vicuña) tem origem nos Andes da América do Sul, especialmente em países como Peru, Bolívia, Chile e Argentina.



Lã Merino: sofisticação técnica e versatilidade



A lã merino é uma fibra natural extraída das ovelhas da raça Merino, conhecida por produzir uma lã extremamente fina, macia e respirável.


Origem

Sua origem remonta à Espanha medieval, onde a raça foi desenvolvida e protegida por séculos. Hoje, os principais produtores são Austrália e Nova Zelândia, que aprimoraram a qualidade da lã e a tornaram referência mundial.



Fibra de Iaque: calor tibetano em forma de luxo sustentável



A fibra é retirada do subpelo do iaque, um bovino robusto e peludo adaptado às altitudes extremas do Himalaia. Ele desenvolve esse subpelo denso e macio para resistir a temperaturas de até -40°C. A coleta da fibra ocorre de forma natural e não invasiva, durante a troca de pelagem na primavera, quando os pastores penteiam os animais.


Origem

A fibra de iaque (ou yak) vem do pelo macio do iaque-do-Himalaia, um bovino de regiões montanhosas e frias, especialmente do Tibete, Mongólia, Nepal e partes do norte da China.



Fibra de Camelo: rusticidade e refinanciamento



Ela vem principalmente do camelo bactriano (de duas corcovas), durante a primavera, o animal perde naturalmente seu subpelo macio, que é então coletado com pentes, de maneira ética e sem causar sofrimento.


Origem

Nativo de regiões como a Mongólia, China e partes da Rússia, o uso da fibra de camelo é antiquíssimo, com registros que remontam a mais de 2 mil anos. Povos nômades da Ásia Central, especialmente os mongóis e povos da Rota da Seda, já usavam o subpelo do camelo-bactriano para produzir mantos, cobertores e roupas adaptadas ao clima extremo muito frio no inverno e muito quente no verão.



Qiviut: o segredo congelado do Ártico



O qiviut é o subpelo ultrafino e macio do boi-almiscarado, que cresce sob a pelagem externa espessa. Ele é naturalmente solto durante a primavera, quando os animais trocam de pelagem. Esse subpelo é então coletado, principalmente de animais domesticados ou de manadas controladas de forma ética e sustentável.


Origem

O qiviut é a fibra extraída do subpelo do boi-almiscarado (musk ox), um animal nativo das regiões árticas do Alasca, Canadá e Groenlândia.

Embora os povos indígenas do Ártico, como os inuit, já conhecessem o boi-almiscarado há milênios, o aproveitamento do subpelo macio para fiação e vestuário só começou de forma organizada no século XX, especialmente a partir da década de 1950 no Alasca.




Fibra de Lótus: o luxo espiritual do Sudeste Asiático



A fibra da flor de lótus é uma fibra têxtil rara e natural, extraída manualmente dos caules da flor de lótus. É uma fibra delicada, respirável e resistente, comparada à seda, mas muito mais rara devido à produção artesanal e demorada.


Origem

É tradicionalmente produzida em regiões do Sudeste Asiático, especialmente Mianmar (Burma) e Camboja. Sua origem remonta a práticas artesanais budistas, com registros de uso tradicional em Mianmar há mais de cem anos, onde monges usavam tecidos de lótus por serem considerados puros, leves e simbólicos.



O luxo pode e deve ser consciente.


Conhecer essas fibras é também entender o que há por trás do luxo verdadeiro, processos naturais, tempo, escassez e muitas vezes a escolha entre ética e estética. O futuro da moda está em unir beleza com responsabilidade e saber de onde vem o que vestimos é o primeiro passo.



2025 Blog by Gabriela Claro Desalinhando Ideias

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