
Funmilayo Ransome Kuti
- desalinhandoideias

- 19 de nov.
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Funmilayo Ransome-Kuti (1900–1978) foi uma das figuras mais influentes dos movimentos sociais da Nigéria no século XX. Educadora, ativista política e pioneira na luta pelos direitos das mulheres, ela se tornou referência tanto pela atuação pública quanto pela forma como articulava identidade cultural e resistência através de sua apresentação visual.

Nascida em Abeokuta, no atual estado de Ogun, Nigéria, Funmilayo foi uma das primeiras mulheres iorubás a receber educação formal em escolas ocidentais. Sua formação a levou posteriormente à docência, função que exerceu antes de se engajar de maneira integral na vida política e social.
Na década de 1940, fundou a Abeokuta Women’s Union (AWU), organização que se tornou uma das maiores frentes femininas de mobilização da época. O grupo lutava principalmente contra a exploração fiscal das mulheres e a estrutura colonial britânica que afetava diretamente as condições de trabalho, renda e autonomia feminina. Sob sua liderança, a AWU organizou protestos, campanhas de conscientização e negociações políticas que tiveram impacto nacional.

Funmilayo também participou da construção do movimento anticolonial nigeriano, colaborando com partidos nacionalistas e ocupando posições de destaque em congressos pan-africanistas. Sua atuação, marcada por enfrentamentos diretos com autoridades coloniais, contribuiu para mudanças legislativas e para o fortalecimento da participação feminina na política. Além disso, ela desempenhou papel importante na promoção da educação de base e na defesa de direitos civis em comunidades urbanas e rurais.

Sua relevância histórica também se conecta ao ambiente cultural que ajudou a moldar: Funmilayo é mãe de Fela Kuti, músico e criador do gênero Afrobeat, cuja obra foi profundamente influenciada pela trajetória política da família.
A construção visual de uma liderança: análise da vestimenta

A indumentária de Funmilayo Ransome-Kuti desempenhava um papel central em sua imagem pública. Ela utilizava predominantemente roupas tradicionais da cultura iorubá, reforçando pertencimento comunitário e vínculo com práticas têxteis locais em um período de forte influência colonial.
Padronização visual na mobilização feminina

As integrantes da Abeokuta Women’s Union, organização liderada por Funmilayo, utilizavam tecidos semelhantes, principalmente o adire. Essa escolha estabelecia identidade coletiva, facilitava o reconhecimento do grupo e reforçava a solidariedade entre as participantes durante atos públicos e negociações.

A relevância de Funmilayo Ransome-Kuti ultrapassa sua atuação como ativista. Sua imagem e vestimenta comunicavam resistência cultural em um contexto de dominação colonial e desigualdades estruturais. O uso de tecidos, cores e modelagens tradicionais não era apenas uma preferência estética, mas parte da construção de uma liderança que integrava política, identidade e herança africana.




