REI KAWAKUBO
- desalinhandoideias

- 17 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: 30 de jul.
Nascimento e Origens
Rei Kawakubo nasceu em 11 de outubro de 1942, em Tóquio, no Japão, durante um período turbulento da história global. Ela cresceu em uma sociedade rigidamente estruturada, marcada pelas consequências da Segunda Guerra Mundial, e isso influenciaria profundamente sua visão estética futuramente.
Filha de um administrador da Keio University, Kawakubo teve acesso a uma educação formal sólida. Curiosamente, ela não estudou moda, mas sim arte e literatura na Keio University, graduando-se em 1964 com especialização em história da estética ocidental. Esse pano de fundo acadêmico mais filosófico e artístico explica sua abordagem conceitual e quase filosófica ao design.
Início de Carreira

Após se formar, Rei Kawakubo começou a trabalhar no departamento de publicidade da empresa têxtil Asahi Kasei e depois passou a estilizar roupas para sessões de fotos, o que despertou seu interesse pela criação de peças próprias. Em 1969, fundou sua própria marca: Comme des Garçons, que significa "Como os Garotos" em francês uma escolha que já revelava seu desejo de romper com as convenções de gênero e estilo.
A Ascensão com
Comme des Garçons

A Comme des Garçons começou vendendo roupas para mulheres, com uma estética minimalista e andrógina. Suas peças causavam estranhamento formas desestruturadas, cores escuras (principalmente preto), silhuetas que escondiam o corpo, e uma recusa clara às noções tradicionais de beleza e sensualidade feminina.
Em 1975, ela abriu sua primeira loja em Tóquio. E em 1981, fez sua estrondosa estreia em Paris, com uma coleção que foi apelidada de "Hiroshima chic" pela imprensa ocidental devido às roupas desgastadas, com buracos, assimetrias e cores sombrias. A crítica se dividiu: enquanto muitos a rejeitavam por achar "feia", outros a celebravam por seu arrojo artístico.
Estilo e Filosofia

O estilo de Kawakubo quebra fronteiras entre arte e moda, entre o belo e o desconfortável. Ela trabalha com a ideia de "anti-fashion", ou seja, criar moda que desafia os próprios fundamentos da indústria.
Principais características de suas criações:
Desconstrução de formas tradicionais
Uso predominante do preto, especialmente nos anos 1980
Volumes exagerados, silhuetas distorcidas
Roupas que questionam o gênero, o corpo e os padrões de beleza
Inspiração em temas como vazio, morte, envelhecimento, ausência, imperfeição
Kawakubo raramente explica suas coleções. Ela acredita que a interpretação deve ser livre e muitas vezes se recusa a dar entrevistas, mantendo-se enigmática, silenciosa e extremamente coerente com sua visão artística.
Trabalhos Marcantes

Comme des Garçons Homme Plus (linha masculina com pegada conceitual)
PLAY (linha casual e mais comercial, com o famoso coração com olhos criado por Filip Pagowski)
COLABORAÇÕES com marcas como Nike, Converse, Louis Vuitton, Supreme, e até com a IKEA
Dover Street Market: loja conceito criada por ela, que mescla moda, arte e cultura, com filiais em Londres, Nova York, Tóquio, Pequim e mais
Reconhecimento e Legado

Apesar de ser avessa à fama e ao glamour da indústria, Kawakubo é reconhecida como uma das figuras mais importantes e revolucionárias da moda moderna. Sua influência pode ser sentida em estilistas como Martin Margiela, Yohji Yamamoto, Ann Demeulemeester, Rick Owens e muitos outros que exploram a desconstrução e o anticlássico.
Ela foi homenageada com a exposição "Rei Kawakubo / Comme des Garçons: Art of the In-Between" no Metropolitan Museum of Art (Met), em 2017 tornando-se a segunda estilista viva a receber tal honra (a primeira foi Yves Saint Laurent em 1983). A exposição foi curada por Andrew Bolton e desafiou o público a pensar moda como arte.
Curiosidades

Rei Kawakubo quase nunca aparece em público e raramente concede entrevistas.
Em desfiles, ela não aparece ao final para os aplausos diferentemente de outros estilistas.
É casada com Adrian Joffe, que também é CEO da Comme des Garçons e da Dover Street Market.
Ela não desenha as roupas com lápis ou papel: muitas vezes dá ideias com palavras ou sentimentos, e sua equipe traduz em forma.
Embora muito intelectual, ela se define como uma criadora instintiva, dizendo que cria "a partir do nada".
Livros sobre Rei Kawakubo

“Rei Kawakubo: Art of the In-Between” (2017)
Catálogo oficial da exposição do Met, com textos de Andrew Bolton. Essencial para entender sua estética e impacto.

“Fashion Visionaries” de Linda Watson
Inclui um perfil de Kawakubo entre outros grandes nomes da moda.

“The World of Comme des Garçons” de Vogue On Designers
Uma coletânea sobre a história e influência da marca.

“Rei Kawakubo and Comme des Garçons” (Thames & Hudson)
Um guia visual e conceitual das coleções mais marcantes.
Documentários e Vídeos
Embora ela mesma evite exposição, há alguns conteúdos disponíveis:
“Fashion Rebels: Rei Kawakubo” – Episódios em YouTube e canais de moda sobre seu impacto.
Vídeos da exposição do MET em 2017 (disponível no YouTube e no site do museu)
Entrevistas com Andrew Bolton (curador do Met) sobre seu trabalho com Kawakubo
Documentários sobre moda japonesa dos anos 80 frequentemente mencionam seu trabalho, como “Japanese Avant-Garde Fashion” (BBC, raridade online)
Frases icônicas de Rei Kawakubo
“Para mim, o corpo não é algo bonito ou não bonito. É apenas um lugar para as roupas estarem.” “Minha intenção sempre foi criar algo novo, algo que nunca existiu.” “O espírito da rebelião é essencial.”











