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  • TINGIMENTO ARTESANAL E INDUSTRIAL DE TECIDOS

    Breve história do tingimento de tecidos O tingimento é uma das práticas mais antigas da humanidade, presente desde os primórdios das civilizações, quando o ser humano começou a dominar o fogo, a agricultura e a fabricação de roupas. Nos Primórdios Materiais naturais:  Os primeiros corantes eram extraídos diretamente da natureza, como plantas, raízes, cascas de árvores, flores, frutos e até insetos e moluscos. Exemplos antigos: A índigo , um corante azul extraído de plantas do gênero Indigofera , usado há mais de 4.000 anos, era popular no Egito Antigo, Índia e Mesopotâmia. O púrpura de Tiro , um tom roxo-avermelhado raro e valioso, era extraído de moluscos marinhos no Mediterrâneo e muito usado por nobres e reis na antiguidade. O açafrão , a henna  e o urucum  também são exemplos de corantes naturais usados por diferentes povos. Técnicas:  O tingimento era feito à mão, mergulhando o tecido em banhos coloridos preparados a partir desses materiais naturais, muitas vezes com o uso de mordentes (fixadores naturais como minerais) para garantir a fixação da cor. Evolução ao Longo do Tempo Idade Média e Renascimento:  A técnica foi aprimorada com o uso de mordentes e misturas para obter novas cores e melhor fixação. O tingimento continuava muito artesanal, mas com tradição e conhecimento transmitidos de geração em geração. Século XVIII e XIX - Revolução Industrial:  O tingimento começou a se industrializar com a invenção de máquinas que aceleravam o processo e a descoberta dos corantes sintéticos. A Revolução dos Corantes Sintéticos Em 1856, o químico inglês William Henry Perkin descobriu acidentalmente o mauveína , o primeiro corante sintético derivado do carvão, abrindo caminho para uma indústria química de tintas muito mais variada, barata e acessível. Com isso, surgiram corantes específicos para cada tipo de fibra, com cores mais intensas, maior durabilidade e processos mais eficientes. Hoje Atualmente, o tingimento industrial combina alta tecnologia, sustentabilidade e inovação para produzir milhões de metros de tecidos coloridos, enquanto o tingimento artesanal e natural ressurge como forma de expressão artística e respeito ao meio ambiente. Tipos de tecidos e sua relação com o tingimento Cada fibra têxtil tem propriedades químicas e físicas diferentes que influenciam na absorção da tinta. Entender essas características é essencial para um tingimento eficiente. Fibras Naturais Algodão:  fibra vegetal, absorve muito bem corantes diretos e reativos, resultando em cores vivas e duráveis. Linho:  similar ao algodão, aceita bem corantes reativos. Seda:  fibra proteica, aceita corantes ácidos e mordentes, com cores brilhantes e toque suave. Lã:  também proteica, tingida com corantes ácidos para cores intensas. Fibras Sintéticas Poliéster:  não absorve corantes comuns facilmente. Usa-se corantes dispersos (disperse dyes) específicos para essa fibra, em processos que envolvem alta temperatura. Nylon:  fibra sintética que aceita corantes ácidos, semelhante à lã. Acrílico:  tingido com corantes básicos. Misturas de fibras Tecidos mistos requerem atenção para escolher corantes compatíveis ou tingir fibras separadamente. Processo de tingimento industrial Características Produção em larga escala, com máquinas específicas para garantir uniformidade, rapidez e controle rigoroso da qualidade. Uso de máquinas como jarras rotativas, tingimento em autoclave, tingimento em banho (vat dyeing), tingimento contínuo em rolos. Controle exato de temperatura, tempo, pH e concentração do corante. Tipos de corantes industriais Corantes reativos:  ligam-se quimicamente às fibras naturais (algodão, lã, seda). Oferecem cores brilhantes e fixação duradoura. Corantes ácidos:  para fibras proteicas (lã, seda, nylon). Corantes dispersos:  para fibras sintéticas como poliéster. Aplicados em alta temperatura e pressão. Corantes diretos:  usados para algodão, porém com fixação menor. Corantes por lixívia:  para tingir tecidos escuros de preto ou azul-marinho. Etapas do processo industrial Pré-tratamento:  limpeza da fibra para retirar sujeiras e óleos. Tingimento:  aplicação do corante na fibra, controlando fatores químicos e físicos. Fixação:  para garantir que a cor permaneça mesmo após lavagens. Lavagem e secagem:  para remover excesso de corante e estabilizar a cor. Tingimento artesanal ou caseiro, o que saber e como fazer Tipos de Tintas Caseiras Corantes naturais:  extraídos de plantas, frutas, raízes, cascas (ex: urucum, índigo, cebola, beterraba). Corantes sintéticos:  tintas para tecido comercializadas para artesanato (ex: anilina, tinta para tingimento em pó ou líquida). Tintas para tecido:  fabricadas para aplicação direta, geralmente em tubetes ou em forma líquida. Escolha do Tecido Prefira tecidos 100% naturais (algodão, linho, seda, lã) para melhor absorção dos corantes naturais. Tecidos sintéticos geralmente não tingem bem com corantes naturais ou caseiros, pois sua estrutura não absorve bem o corante. Processo básico do tingimento caseiro Preparação do tecido:  lave bem para remover impurezas e amaciantes que possam impedir a absorção. Preparação do corante:  faça a infusão da planta ou dissolva o corante sintético em água morna. Tingimento:  mergulhe o tecido no banho de corante, mexendo para evitar manchas. Tempo:  deixe o tecido imerso por 30 minutos a 1 hora, dependendo da intensidade desejada. Fixação:  alguns corantes naturais precisam de fixadores (mordentes) como sal, vinagre ou alúmen para fixar a cor. Lavagem:  lave em água fria para retirar excesso. Secagem:  seque à sombra para evitar desbotamento. Mordentes Caseiros Comuns Alúmen:  fixador tradicional, seguro e eficiente para corantes naturais. Sal:  ajuda na fixação de certos corantes. Vinagre:  utilizado para fixar corantes ácidos (ex: para algodão e seda). Dicas para tingimento caseiro perfeito Faça sempre um teste prévio para ver como o tecido reage ao corante. Use luvas para evitar manchas na pele. Mantenha o local bem ventilado e use recipientes que não manchem (vidro, inox). Controle a temperatura da água para ajudar na absorção (geralmente morna a quente). Evite usar detergentes agressivos na lavagem pós-tingimento. Guarde as peças tingidas separadamente na primeira lavagem para evitar manchas. Diferenças entre tingimento industrial e caseiro Tipos de tintas para tingimento industrial e caseiro Industriais Corantes reativos:  reagem quimicamente com a fibra, usados em algodão, linho. Corantes ácidos:  para lã, seda, nylon. Corantes dispersos:  para poliéster e outras fibras sintéticas, requerem alta temperatura. Corantes diretos:  aplicados diretamente, menos fixação. Caseiros / Artesanais Corantes naturais:  extraídos de plantas, raízes, frutos. Exemplo: açafrão (amarelo), urucum (vermelho), índigo (azul), casca de cebola (amarelo/marrom). Tintas para tecido:  compradas em lojas de artesanato, em pó ou líquido, usadas em tingimento manual e estamparia. Anilinas:  corantes sintéticos líquidos, usados para tingimento em pequena escala, mas podem ser tóxicos e requerem cuidado. Considerações finais O tingimento é uma arte que pode ser adaptada para diversas escalas, desde indústrias gigantescas até pequenos ateliês e produções caseiras. Conhecer o tipo de tecido, o corante adequado e o processo correto são as chaves para resultados bonitos, duráveis e sustentáveis.

  • ANINE BING

    Nome completo:  Anine Irmelin Bing Data de nascimento:  30 de novembro de 1982 Origem:  Dinamarca (criada na Suécia) Residência atual:  Los Angeles, Califórnia Profissão:  Estilista, ex-modelo, empresária e influenciadora digital Anine Bing não é apenas uma marca, é um exemplo de como uma mulher pode transformar sua visão pessoal em um império global de moda sem seguir as regras tradicionais da indústria. Com raízes escandinavas e alma californiana, ela conquistou o mundo misturando o minimalismo europeu com a atitude rock’n’roll. Início da carreira, da música à moda Antes de entrar definitivamente no universo fashion, Anine Bing trabalhou como modelo internacional  e também como cantora de uma banda pop. Mas foi em 2012 que ela deu seu salto mais ousado, criou sua própria marca de roupas com sede na garagem de casa em Los Angeles, ao lado do marido e parceiro de negócios, Nicolai Bing. Sem grandes investidores, sem desfiles em Paris apenas com visão, estética forte e estratégia digital inteligente , ela lançou a ANINE BING  com uma coleção de poucas peças essenciais. A marca ANINE BING A proposta da marca é peças versáteis, atemporais, com uma estética “cool sem esforço” , pensadas para mulheres modernas, urbanas e com agenda cheia. O que define o estilo ANINE BING? Camisetas com cara de banda vintage Blazers oversized Jeans com lavagens clássicas Botas statement e óculos marcantes Acessórios minimalistas com presença A vibe é: edgy, casual e sofisticada ao mesmo tempo , como se fosse uma união entre a Kate Moss dos anos 90 e uma empresária escandinava de 2025. Crescimento e reconhecimento internacional Desde sua fundação, a ANINE BING se expandiu globalmente com lojas físicas em cidades-chave como: Los Angeles Nova York Paris Londres Berlim Sydney A marca também se consolidou como queridinha das celebridades , sendo usada por nomes como: Hailey Bieber Gigi Hadid Rosie Huntington-Whiteley Kendall Jenner Alessandra Ambrosio Além disso, Bing tornou-se referência de branding e marketing digital, usando sua própria imagem como principal ferramenta de divulgação . Ela compartilha seu dia a dia como empresária, mãe e fashionista com autenticidade e isso conecta. Lifestyle & influência Anine Bing é mais do que uma estilista, é um ícone de lifestyle aspiracional , mas com um toque humano. Suas redes sociais mostram um equilíbrio entre vida profissional e pessoal, maternidade, viagens e inspiração criativa. “Eu criei a marca porque não conseguia encontrar roupas que refletissem meu estilo pessoal: simples, poderosas, e fáceis de combinar.” Anine Bing Esse DNA reflete diretamente na fidelidade de suas consumidoras, que não compram só roupas, mas uma identidade visual e emocional . Livros e documentários Até o momento, Anine Bing ainda não tem livros ou documentários oficiais  lançados, mas ela é constantemente citada em revistas como Vogue , Forbes , Harper's Bazaar  e Elle  como um exemplo de sucesso de marca independente  liderada por uma mulher. Para quem busca inspiração em moda e empreendedorismo feminino, é impossível ignorar sua trajetória. Menos tendência, mais personalidade Anine Bing construiu algo que muitas marcas de moda ainda buscam: autenticidade escalável . Sua estética é sólida, sua presença é constante, e sua marca é desejada em todo o mundo. Em vez de seguir as ondas passageiras da moda, ela construiu uma ponte entre atitude e elegância , sempre com simplicidade e força silenciosa. Se você procura inspiração para empreender com identidade ou apenas quer elevar seu guarda-roupa com peças versáteis e poderosas, Anine Bing é um nome para acompanhar de perto.

  • YVES SAINT LAURENT

    Nome completo:  Yves Henri Donat Mathieu-Saint-Laurent Data de nascimento:  1º de agosto de 1936 Local de nascimento:  Orã, Argélia Francesa Falecimento:  1º de junho de 2008, Paris, França Yves Saint Laurent foi muito mais que um estilista, ele foi um artista que enxergou a moda como liberdade e provocação. Considerado um dos maiores nomes da alta-costura do século XX, ele redefiniu a elegância ao criar roupas para a mulher moderna poderosa, sensual e emancipada. Sua trajetória é marcada por genialidade, coragem e um toque de melancolia que ainda ecoa nas passarelas e corações fashionistas. Infância e juventude Nascido em Orã, então colônia francesa na Argélia, Yves era um menino tímido, criativo e sensível. Ainda adolescente, começou a desenhar figurinos e sonhava com Paris. Aos 17 anos, mudou-se para a capital francesa para estudar moda na Chambre Syndicale de la Couture . Pouco tempo depois, sua vida mudou para sempre. Início na Dior, o prodígio precoce Em 1955, Yves foi contratado por Christian Dior , então o maior nome da alta-costura. Aos 21 anos, após a morte súbita de Dior, Yves foi nomeado diretor criativo da maison um feito inédito e ousado para alguém tão jovem. Seu primeiro desfile solo para a Dior, em 1958, apresentou a coleção "Trapézio" , aclamada pela crítica e público, e que salvou a marca da crise. Seu talento foi imediatamente reconhecido, e o mundo passou a observá-lo com atenção. Yves Saint Laurent, a marca própria Após ser dispensado da Dior em 1960 (após um episódio traumático de internação psiquiátrica), Saint Laurent fundou sua própria maison em 1961, ao lado de seu companheiro e sócio Pierre Bergé . Nascia a Yves Saint Laurent – YSL , uma das casas de moda mais emblemáticas da história. Principais inovações e legados Saint Laurent desafiou as convenções da moda e misturou arte, política e sensualidade em suas coleções. Ele dizia: “Eu queria dar às mulheres o poder que eu via nos homens, um poder com elegância.” Entre suas criações mais revolucionárias: O smoking feminino (Le Smoking, 1966) : um símbolo de empoderamento e ruptura com o vestuário tradicional de gênero. O uso de peças antes consideradas masculinas , como jaquetas de couro, calças, ternos e sahariennes. Coleções inspiradas na arte e culturas globais , como as homenagens a Mondrian, Picasso, África, China e Marrocos. A primeira maison a usar modelos negras em destaque , combatendo o eurocentrismo na passarela. Prêt-à-porter (Rive Gauche) : foi o primeiro grande estilista de alta-costura a lançar uma linha de roupas mais acessível, em 1966, revolucionando o consumo de moda e democratizando o estilo de luxo. A personalidade complexa por trás do mito Yves era um gênio sensível, melancólico e introspectivo. Lutava com a depressão, dependência química e crises de autoestima, apesar do sucesso. Pierre Bergé, seu grande amor e parceiro de vida e negócios, foi seu pilar por décadas. A relação entre eles, marcada por amor e turbulência, foi essencial para sustentar a marca e a carreira de Saint Laurent. Últimos anos e falecimento Em 2002, Yves Saint Laurent se aposentou oficialmente da moda, encerrando uma era com um discurso emocionante. Ele faleceu em 2008, aos 71 anos, em Paris, devido a um câncer cerebral. Seu funeral foi realizado na Église Saint-Roch, com presença de diversas figuras da moda e da cultura. Suas cinzas foram espalhadas no jardim da casa que mantinha com Bergé em Marrakech, no Marrocos um lugar sagrado para ele. Livros sobre Yves Saint Laurent “Yves Saint Laurent”  – Pierre Bergé e Laurence Benaïm Biografia visual riquíssima em imagens, com relatos e criações icônicas. “The Beautiful Fall”  – Alicia Drake Foca na rivalidade entre Yves Saint Laurent e Karl Lagerfeld nos anos 1970, revelando bastidores e dramas da alta-costura. “Yves Saint Laurent: A Biography”  – Laurence Benaïm Considerada uma das biografias mais completas, com detalhes sobre a infância, carreira e vida pessoal. “Letters to Yves”  – Pierre Bergé Uma obra íntima e comovente. Bergé escreve cartas ao estilista após sua morte, revelando pensamentos e emoções profundas. Documentários e filmes sobre YSL “Yves Saint Laurent” (2014)  – Dir. Jalil Lespert Filme biográfico autorizado, com foco no início da carreira, sua relação com Bergé e o processo criativo. Mostra o lado frágil e genial do estilista. “Saint Laurent” (2014)  – Dir. Bertrand Bonello Um olhar mais artístico e provocador, focado nos anos mais intensos e sombrios da vida de Yves. Indicado à Palma de Ouro em Cannes. “L'Amour Fou” (2010)  – Documentário Narrado por Pierre Bergé, retrata a vida íntima do casal, os bastidores da carreira e o leilão da coleção de arte de ambos. Sensível, melancólico e profundo. “Yves Saint Laurent: His Life and Times” (2002)  – Documentário de David Teboul Um retrato raro com entrevistas diretas com Yves, imagens de arquivo e momentos íntimos. Mostra o homem por trás do mito. Curiosidades Yves foi o primeiro estilista vivo a ter uma retrospectiva no Museu Metropolitano de Nova York (1983) . Ele desenhou figurinos para peças de teatro e filmes, incluindo colaborações com Catherine Deneuve. A marca YSL Beauty , mesmo após sua aposentadoria, continua um dos braços mais fortes da grife, conhecida pelos batons icônicos e identidade visual arrojada. O Jardim Majorelle , em Marrakech, foi comprado e restaurado por Yves e Pierre. Hoje é um museu aberto ao público com exposição de moda, arte berbere e tributo ao estilista.

  • ROUPAS TIPICAS DAS FESTAS JUNINAS, DA ORIGEM PAGÃ AO CAIPIRA COLORIDO

    As roupas típicas da festa junina no Brasil são inconfundíveis, vestidos rodados, estampas floridas, camisas xadrez, chapéus de palha, remendos costurados à mão e tranças ou bigodes desenhados com lápis preto. Mas por trás dessa estética divertida e carismática, existe uma história rica, cheia de camadas culturais que atravessam o tempo e os continentes. Influência Europeia e as raízes da festa A festa junina tem origem nas celebrações pagãs europeias que marcavam o solstício de verão como a Festa de São João e foram cristianizadas ao longo dos séculos. Os trajes usados na Europa medieval nessas celebrações campestres incluíam roupas simples, rústicas, típicas da vida rural. Quando os portugueses trouxeram a festa para o Brasil durante o período colonial, trouxeram também esses elementos de vestuário e comportamento. O "caipira" como personagem inventado Ao chegar ao Brasil, a festa se misturou às tradições populares e passou por uma transformação simbólica. No século XIX e especialmente no início do século XX, o caipira o homem do interior passou a ser representado com traços caricatos: roupas remendadas, chapéus de palha e fala engraçada, isso refletia tanto uma homenagem quanto uma sátira à população rural. As roupas juninas que conhecemos hoje imitam essa visão romantizada e estereotipada do camponês brasileiro. Camisas xadrez, vestidos com babados, remendos e maquiagem exagerada não são roupas usadas tradicionalmente no campo mas sim uma versão teatralizada, criada nas cidades para representar o “homem do interior”. Entre crítica e celebração Durante o processo de urbanização do Brasil, especialmente no século XX, a população rural foi muitas vezes marginalizada ou ridicularizada pelas elites urbanas. A festa junina, que foi incorporada aos calendários escolares e das igrejas, passou a representar um espaço simbólico de “brincar de ser caipira”. As roupas, nesse contexto, funcionam quase como uma fantasia um disfarce que expressa uma identidade rural, ao mesmo tempo em que reforça estereótipos. Por outro lado, a festa junina também se tornou uma forma de valorização cultural das tradições do interior, sobretudo no Nordeste do Brasil, onde a festa é profundamente ligada ao ciclo do milho, à religiosidade e à resistência cultural. O verdadeiro caipira No interior do Brasil, a vida no campo era (e ainda é) marcada por simplicidade e trabalho duro. As roupas das famílias de trabalhadores rurais eram feitas para durar, muitas vezes costuradas em casa, reaproveitadas e remendadas à mão quando rasgavam. Remendar não era uma escolha estética, mas uma necessidade. E é justamente essa estética da vida real que foi incorporada às roupas típicas juninas. Elementos típicos das roupas juninas A estética junina é marcada por elementos que dialogam com o universo rural e festivo: Chapéu de palha remete ao trabalhador do campo. Remendos coloridos representam simplicidade, mas também criatividade e improviso. Camisas e vestidos com estampas xadrez ou florais remetem ao cotidiano da vida no campo e à festividade. Tranças e bigodes desenhados são adereços teatrais que reforçam a ideia de personagem. Babados, fitas e rendas elementos decorativos que enfeitam o corpo para a festa, como uma celebração da abundância após a colheita. Festa, identidade e afeto Hoje as roupas de festa junina misturam tradição, sátira, nostalgia e identidade. Em muitas regiões, como no Nordeste, há um resgate mais autêntico da cultura popular, com roupas inspiradas nos trajes dos vaqueiros, das quadrilhas tradicionais e da religiosidade junina. Mesmo quando exageradas, essas roupas contam histórias das danças de quadrilha aos arraiás comunitários, do milho assado à fogueira acesa. Elas ajudam a manter viva uma das manifestações culturais mais queridas e simbólicas do Brasil unindo pessoas, costumes e memórias.

  • ÌRIS APFEL

    Nome completo:  Iris Barrel Apfel Data de nascimento:  29 de agosto de 1921 Falecimento: 01/03/2024 (102 anos) Local de nascimento:  Astoria, Queens, Nova York, EUA Família:  Filha única de Samuel Barrel dono de uma loja de espelhos e vidros, e Sadye Barrel, que tinha uma boutique de moda. Desde cedo, Iris teve contato com o mundo do design e do vestuário, sua mãe era conhecida por seu bom gosto e incentivava a filha a desenvolver um olhar único para a moda. Formação Acadêmica Estudou História da Arte na Universidade de Nova York (NYU). Cursou também a Universidade de Wisconsin, onde aprofundou seus estudos em artes e design. Durante a juventude, trabalhou como assistente de Elinor Johnson, uma colunista de moda, e depois com Robert Goodman, designer de interiores. Casamento e Empreendimentos Em 1948, casou-se com Carl Apfel, seu grande parceiro de vida e negócios, juntos fundaram em 1950, a Old World Weavers uma empresa especializada em tecidos e restauração de interiores históricos. Com essa empresa, o casal trabalhou em projetos de restauração na Casa Branca para nove presidentes dos EUA, de Harry Truman até Bill Clinton. A expertise de Iris em encontrar tecidos raros e a fidelidade ao design original a tornaram referência no ramo. Estilo e Ícone de Moda Iris sempre se destacou por seu estilo excêntrico, ousado e maximalista. Mistura alta costura com peças de brechó, acessórios gigantes, estampas intensas e uma paleta vibrante, seus óculos grandes e redondos viraram sua marca registrada. Sua filosofia de estilo é clara: "Mais é mais e menos é chato." Iris sempre defendeu o individualismo e a autenticidade na moda, tornando-se símbolo da liberdade estética especialmente na terceira idade, quebrando padrões etários no universo fashion. Reconhecimento e Exposições Em 2005, o Metropolitan Museum of Art (MET) dedicou a ela a exposição: "Rara Avis (Pássaro Raro): Selections from the Iris Apfel Collection", sendo a primeira vez que o museu homenageava uma figura viva que não era estilista. A exposição teve enorme sucesso e foi levada a outros museus pelo mundo, consolidando Iris como um ícone cultural internacional. Trabalhos e Parcerias Mesmo após os 90 anos, Iris nunca parou lançou linhas de maquiagem e acessórios com marcas como MAC, H&M, Zenni Optical, entre outras e fez campanhas publicitárias para marcas como Coach, Kate Spade, Citroën e até desfiles. Em 2019, aos 97 anos, assinou contrato com a agência de modelos IMG Models mostrando que estilo e relevância não têm idade. Legado Iris Apfel representa a liberdade criativa absoluta e a ideia de que idade não define relevância. A valorização do diferente, do artesanal e do inusitado, ela é uma eterna inspiração para estilistas, artistas, decoradores e qualquer pessoa que deseje se vestir com personalidade e autenticidade. Frases Marcantes “Você não pode ser interessante se for igual a todo mundo.” “O estilo pessoal é atitude. Tem muito pouco a ver com roupas.” “Moda é o que você compra. Estilo é o que você faz com isso.” Curiosidades Iris colecionou roupas, bijuterias, tecidos e objetos de decoração por décadas, sempre em viagens pelo mundo, ela dizia que a moda estava nas ruas, não apenas nas passarelas. Era uma apaixonada por feiras e bazares onde se vendem objetos usados, antiguidades, roupas vintage, decoração e até coisas raras ou exóticas, especialmente em Paris e Marrakesh. Livros sobre Iris Apfel Além de seu legado na moda e no design, Iris Apfel também deixou sua marca no mundo editorial com publicações que celebram sua visão única de estilo e autenticidade. “Iris Apfel: Accidental Icon – Musings of a Geriatric Starlet” (2018) Escrito pela própria Iris, este livro é uma mistura de memórias, reflexões espirituosas e imagens marcantes. Com seu humor afiado e olhar irreverente, ela compartilha pensamentos sobre moda, envelhecimento, autenticidade e a arte de ser diferente. Um verdadeiro manifesto visual e filosófico de uma mulher que nunca teve medo de ser ela mesma. “Rare Bird of Fashion: The Irreverent Iris Apfel” (2007) Lançado após a icônica exposição no Metropolitan Museum of Art, esse livro é uma celebração de sua coleção pessoal de roupas e acessórios. Com fotos incríveis e curadoria detalhada, ele mostra a ousadia estética de Iris e seu amor por peças inusitadas e cheias de história. “Iris Apfel: A Life in Full Color” (2023) Uma homenagem vibrante à sua trajetória, esse livro reúne imagens de impacto e textos que celebram sua influência duradoura na moda, na arte e na cultura. Um tributo visual à mulher que transformou a excentricidade em elegância. “Colorful” (2024) Publicado pouco antes de sua morte, Colorful é uma obra vibrante que reúne imagens inéditas, esboços e reflexões sobre estilo, liberdade criativa e envelhecer com originalidade. Um presente final de Iris ao mundo, que reafirma sua filosofia de vida: viver em cores, sem pedir permissão. Documentário Em 2014, foi lançado o documentário "Iris", dirigido por Albert Maysles, a produção mostra sua vida, seu humor afiado, suas coleções e seu relacionamento com Carl, que faleceu no mesmo ano, aos 100 anos.

  • O PROCESSO DE HIDRÓLISE NO COURO SINTÉTICO

    Você já tirou um sapato do armário e ele simplesmente começou a se desfazer nas suas mãos? Ou pegou aquela bolsa que estava guardada há tempos e ela começou a esfarelar, descascar ou ficar pegajosa? Isso, é culpa da temida hidrólise um processo químico que afeta diretamente a durabilidade de acessórios feitos com materiais sintéticos. O que é hidrólise, afinal? A hidrólise é uma reação química causada pela umidade do ar , que atinge especialmente materiais à base de poliuretano (PU) . Esses materiais são amplamente usados na fabricação de calçados, bolsas, cintos e outros acessórios principalmente os mais acessíveis ou de fabricação em escala industrial. Quando o PU entra em contato constante com a umidade mesmo sem contato direto com a água, apenas pela umidade do ambiente, suas ligações químicas começam a se quebrar. O resultado? O material se decompõe, perde elasticidade e estrutura, e começa a desmanchar, esfarelar ou craquelar. Por que isso acontece mesmo com peças novas ou pouco usadas? Porque não é o uso que deteriora o PU é o tempo e a umidade . Isso significa que mesmo aquele sapato ou bolsa “novinho em folha”, se ficou guardado por muito tempo num armário abafado, escuro e sem ventilação, pode sofrer hidrólise, é um processo natural do material, como o envelhecimento de um ser vivo. Tempo + umidade + falta de ventilação = hidrólise inevitável. Como identificar sinais de hidrólise? Alguns sintomas clássicos são: O material começa a descamar ou esfarelar ao toque. A superfície da peça fica pegajosa, grudenta. Partes do acessório racham ou quebram com facilidade, especialmente solados e alças. Um cheiro forte de mofo ou química azeda pode surgir em peças guardadas há muito tempo. Posso recuperar uma peça que sofreu hidrólise? Infelizmente, não. A hidrólise é um processo irreversível , uma vez iniciado, o material se degrada completamente. Você pode até tentar usar alguns produtos para disfarçar ou prender partes soltas temporariamente, mas a verdade é que não há como restaurar o PU que já sofreu essa reação. Como evitar a hidrólise ou prolongar a vida útil dos seus acessórios? A prevenção é o segredo, aqui vão algumas dicas práticas para proteger seus sapatos e bolsas: Guarde em locais ventilados : fuja de caixas fechadas por muito tempo ou armários úmidos. Evite sacos plásticos : eles retêm umidade e aceleram o processo, prefira sacos de TNT ou algodão. Use com frequência : o uso ajuda a arejar a peça e evita que ela fique “esquecida” no armário. Silica gel é sua aliada : aqueles saquinhos que absorvem umidade são ótimos dentro de bolsas, caixas ou gavetas. Higienize antes de guardar : sujeiras e suor também favorecem a degradação, mantenha tudo limpinho antes de guardar. Consumo consciente da escolha do material Se você prioriza durabilidade, considere investir em peças feitas de couro legítimo ou materiais recicláveis e resistentes. E claro, sempre que possível, compre de forma consciente, dê preferência ao reuso e esteja atenta à forma como cuida do que já tem. Conclusão: hidrólise é natural, mas podemos driblar o tempo com cuidado e consciência Entender o que é hidrólise nos ajuda a cuidar melhor das nossas peças, a evitar decepções e principalmente, a fazer escolhas mais conscientes na hora de comprar.

  • VALERIE VON SOBEL

    Infância e Juventude Nascida em 1941 na Hungria, Valerie viveu sob o regime comunista. Durante a Revolução Húngara de 1956, aos 15 anos, fugiu com a família para a Áustria, enfrentando uma jornada a pé de 13 km com o irmão mais novo nas costas e posteriormente, estabeleceram-se no Canadá. Carreira no Cinema e Design de Interiores Iniciou sua carreira artística em Hollywood, atuando em filmes como Mr. Hobbs Takes a Vacation  (1962), ao lado de James Stewart. Após deixar o cinema para se dedicar à família, tornou-se uma renomada designer de interiores, com projetos publicados em revistas como Architectural Digest  e Elle Decor e membro da American Society of Interior Designers (ASID) . Tragédias Pessoais e Filantropia Em 1995, enfrentou a perda do filho André, de 19 anos, devido a um tumor cerebral inoperável. No mesmo período, perdeu a mãe e, um ano depois, o marido, que cometeu suicídio . Transformou sua dor em ação, criando uma fundação Andre Sobel River of Life que oferece assistência emergencial a cuidadores solteiros de crianças com doenças graves. A organização já ajudou milhares de famílias em parceria com hospitais pediátricos nos EUA . Arte e Estilo Aos 73 anos, iniciou-se na arte de assemblage, criando esculturas a partir de objetos encontrados. Suas obras foram exibidas em galerias como a Voila! Gallery em Los Angeles. Refúgio em Idyllwild Após as perdas, construiu um retiro nas montanhas de San Jacinto, Califórnia, chamado "Chalet Tournesol", em homenagem ao filho. O local é uma fusão de natureza e arte, refletindo sua busca por paz e inspiração . Frases Marcantes “A interrupção de uma vida social não é tudo isso que dizem, e além disso, odeio conversa fiada.”   Valerie von Sobel . Livros e Publicações Além de ser tema em Advanced Style: Older & Wiser , Valerie foi destaque em The Art of Dressing  da Rizzoli. Sua vida e obra também foram abordadas em diversas entrevistas e artigos .

  • AS FIBRAS MAIS NOBRES DO MUNDO

    Quando falamos de luxo na moda, a conversa vai muito além de marcas, entra no território das fibras raras, com histórias milenares, texturas únicas e processos quase artesanais. São fibras que vestiram a realeza, atravessaram séculos e ainda hoje são desejadas por estilistas, designers e colecionadores. As “fibras nobres” são naturais e exigem cultivo ou criação cuidadosa, têm volume limitado e alto custo, por exemplo: a vicunha só produz fibra para uma jaqueta com cerca de 35 animais, porque cada animal só produz uma quantidade muito pequena algo em torno de 150 gramas por ano. Para fazer uma única jaqueta, precisa de aproximadamente 5 quilos de fibra, a coleta respeita o tempo delas e não pode ser feita com pressa ou em grande quantidade, fazendo com que o preço final dessa jaqueta chegue em mais de US$ 30. 000. Seda: o brilho eterno do luxo natural A seda é uma fibra proteica produzida pelo bicho-da-seda (Bombyx mori) ao formar seu casulo. O fio de seda é extraído desses casulos, sendo a única fibra natural com brilho lustroso intenso. O fio pode ter até 1.500 metros de comprimento contínuo o mais longo entre as fibras naturais. Origem e história Surgiu na China antiga, por volta de 2700 a.C. Por séculos, o segredo da produção foi guardado como um mistério de Estado, punido com a morte se revelado. A Rota da Seda foi uma das principais rotas comerciais da história, conectando Oriente e Ocidente por terra e mar. Símbolo de status e espiritualidade, a seda era usada por imperadores, sacerdotes e nobres. Cashmere: leveza e calor que vêm das alturas O cashmere (ou caxemira) é uma fibra natural obtida do subpelo macio das cabras da região da Caxemira, que abrange partes da Índia, Paquistão, China e Mongólia. Esse subpelo cresce para proteger os animais do frio extremo do inverno e é penteado ou escovado (não tosado) na troca de pelagem na primavera. Origem do nome O nome “cashmere” vem da antiga grafia da região da Caxemira, famosa desde o século XIII pela produção de xales finíssimos feitos com essa fibra. Lã Angorá: suavidade encantadora e dilemas éticos A lã angorá é uma fibra natural proveniente do coelho angorá, famoso por seu pelo extremamente fino, macio e sedoso. É uma das fibras mais leves do mundo e também uma das mais quentes pode ser até sete vezes mais quente que a lã de ovelha! Origem O coelho angorá tem origem na Turquia, mais especificamente na região de Ancara (antiga Angorá). A fibra começou a ganhar fama na Europa no século XVIII, especialmente na França. Mohair: brilho e resistência do bode angorá O mohair é uma fibra têxtil natural luxuosa produzida a partir do pelo da cabra Angorá, uma raça originária da Turquia. Essa fibra é valorizada por sua maciez, brilho acetinado e excelente capacidade de tingimento. Origem A fibra vem exclusivamente das cabras da raça Angorá, os principais produtores mundiais são a África do Sul (líder global), os Estados Unidos e a Turquia. Alpaca: nobreza andina e suavidade hipoalergênica A lã de alpaca é uma fibra natural obtida do pelo da alpaca, principalmente das raças Huacaya (com lã mais fofa e ondulada) e Suri (com lã sedosa e brilhante em forma de mechas). Origem O Peru é o maior produtor mundial, responsável por mais de 80% da lã de alpaca. As alpacas são tosquiadas uma vez por ano, geralmente na estação seca (maio a outubro), rendendo cerca de 2 a 4 kg de fibra por animal, a tosquia é feita manualmente e com muito cuidado, sem causar sofrimento ao animal. Vicunha: a fibra mais fina e rara do planeta A vicunha (Vicugna vicugna) é um animal silvestre protegido por leis internacionais e locais. É o menor camelídeo dos Andes e símbolo nacional do Peru, antigamente sua lã era usada exclusivamente pela nobreza inca. Origem A fibra de vicunha (ou vicuña) tem origem nos Andes da América do Sul, especialmente em países como Peru, Bolívia, Chile e Argentina. Lã Merino: sofisticação técnica e versatilidade A lã merino é uma fibra natural extraída das ovelhas da raça Merino, conhecida por produzir uma lã extremamente fina, macia e respirável. Origem Sua origem remonta à Espanha medieval, onde a raça foi desenvolvida e protegida por séculos. Hoje, os principais produtores são Austrália e Nova Zelândia, que aprimoraram a qualidade da lã e a tornaram referência mundial. Fibra de Iaque: calor tibetano em forma de luxo sustentável A fibra é retirada do subpelo do iaque, um bovino robusto e peludo adaptado às altitudes extremas do Himalaia. Ele desenvolve esse subpelo denso e macio para resistir a temperaturas de até -40°C. A coleta da fibra ocorre de forma natural e não invasiva, durante a troca de pelagem na primavera, quando os pastores penteiam os animais. Origem A fibra de iaque (ou yak) vem do pelo macio do iaque-do-Himalaia, um bovino de regiões montanhosas e frias, especialmente do Tibete, Mongólia, Nepal e partes do norte da China. Fibra de Camelo: rusticidade e refinanciamento Ela vem principalmente do camelo bactriano (de duas corcovas), durante a primavera, o animal perde naturalmente seu subpelo macio, que é então coletado com pentes, de maneira ética e sem causar sofrimento. Origem Nativo de regiões como a Mongólia, China e partes da Rússia, o uso da fibra de camelo é antiquíssimo, com registros que remontam a mais de 2 mil anos. Povos nômades da Ásia Central, especialmente os mongóis e povos da Rota da Seda, já usavam o subpelo do camelo-bactriano para produzir mantos, cobertores e roupas adaptadas ao clima extremo muito frio no inverno e muito quente no verão. Qiviut: o segredo congelado do Ártico O qiviut é o subpelo ultrafino e macio do boi-almiscarado, que cresce sob a pelagem externa espessa. Ele é naturalmente solto durante a primavera, quando os animais trocam de pelagem. Esse subpelo é então coletado, principalmente de animais domesticados ou de manadas controladas de forma ética e sustentável. Origem O qiviut é a fibra extraída do subpelo do boi-almiscarado (musk ox), um animal nativo das regiões árticas do Alasca, Canadá e Groenlândia. Embora os povos indígenas do Ártico, como os inuit, já conhecessem o boi-almiscarado há milênios, o aproveitamento do subpelo macio para fiação e vestuário só começou de forma organizada no século XX, especialmente a partir da década de 1950 no Alasca. Fibra de Lótus: o luxo espiritual do Sudeste Asiático A fibra da flor de lótus é uma fibra têxtil rara e natural, extraída manualmente dos caules da flor de lótus. É uma fibra delicada, respirável e resistente, comparada à seda, mas muito mais rara devido à produção artesanal e demorada. Origem É tradicionalmente produzida em regiões do Sudeste Asiático, especialmente Mianmar (Burma) e Camboja. Sua origem remonta a práticas artesanais budistas, com registros de uso tradicional em Mianmar há mais de cem anos, onde monges usavam tecidos de lótus por serem considerados puros, leves e simbólicos. O luxo pode e deve ser consciente. Conhecer essas fibras é também entender o que há por trás do luxo verdadeiro, processos naturais, tempo, escassez e muitas vezes a escolha entre ética e estética. O futuro da moda está em unir beleza com responsabilidade e saber de onde vem o que vestimos é o primeiro passo.

  • ANNA SUI

    Anna Sui nasceu em 4 de agosto de 1964, em Detroit, Michigan, filha de imigrantes chineses. Desde pequena demonstrou interesse por moda, inspirada por revistas como Seventeen e Vogue. Determinada a seguir carreira na área, mudou-se para Nova York para estudar na Parsons School of Design. Lá conheceu o fotógrafo Steven Meisel que se tornaria um colaborador importante na sua jornada. Início de Carreira Após dois anos na Parsons, Sui começou a trabalhar como assistente de design na marca Charlie's Girls e paralelamente criava suas próprias peças em casa, vendendo-as para lojas especializadas em música. Em 1979, apresentou uma coleção de cinco peças em uma feira de moda em Nova York atraindo a atenção de grandes lojas de departamento como Bloomingdale's e Macy's. No entanto, ao ver um anúncio de suas roupas no New York Times, seu empregador na época a demitiu. Com apenas $300, Sui iniciou seu próprio negócio a partir de seu apartamento. Ascensão e Reconhecimento Em 1991, durante a Paris Fashion Week Madonna usou uma de suas criações, o que impulsionou sua visibilidade. No ano seguinte realizou seu primeiro desfile em Nova York, com a participação de supermodelos como Naomi Campbell e Linda Evangelista. Em 1993, abriu sua primeira loja no SoHo, consolidando sua presença no cenário fashion. Estilo e Influências O trabalho de Anna Sui é conhecido por sua fusão de elementos vintage, rock'n'roll, boêmio e gótico. Ela frequentemente incorpora referências culturais e musicais em suas coleções, criando um estilo único e reconhecível. Sui também é famosa por suas colaborações com músicos e por vestir celebridades como Madonna e Mick Jagger. Expansão Global e Colaborações Além de suas coleções de moda, Sui expandiu sua marca para incluir fragrâncias, cosméticos, acessórios e artigos para o lar. Ela também colaborou com diversas marcas, como Target, Hush Puppies, Coach, Fila e O'Neill, tornando seu estilo acessível a diferentes públicos. Reconhecimento e Legado Em 2025 Anna Sui foi homenageada com uma boneca Barbie na série "Inspiring Women" da Mattel, celebrando sua contribuição para a moda e sua influência cultural. A boneca apresenta detalhes inspirados em suas coleções e estilo pessoal. Anna Sui continua a ser uma força criativa na indústria da moda, inspirando novas gerações com seu estilo distinto e abordagem inovadora. Livros sobre Anna Sui "Anna Sui" por Andrew Bolton Este livro escrito pelo curador-chefe do Costume Institute do MET, Andrew Bolton, é uma retrospectiva abrangente dos primeiros 20 anos da carreira de Anna Sui. Com mais de 400 fotografias, ele mergulha no processo criativo da designer, desde seus primeiros desfiles até sua influência duradoura na moda. "The World of Anna Sui" por Tim Blanks Publicado em conjunto com a exposição homônima, este livro explora os arquétipos recorrentes nas coleções de Sui como a rocker, a colegial, a punk e a boêmia através de entrevistas e imagens vibrantes. "Anna Sui" por Susan Muaddi Darraj Parte da série "Asian Americans of Achievement", este livro é uma biografia inspiradora que detalha a infância de Sui, sua formação e os desafios enfrentados para se estabelecer como uma designer de destaque. Documentários Catwalk (1995) Este documentário dirigido por Robert Leacock acompanha a supermodelo Christy Turlington durante a temporada de moda de 1994, oferecendo uma visão dos bastidores de desfiles de renomados estilistas, incluindo Anna Sui. O filme captura momentos íntimos e profissionais das passarelas de Paris, Milão e Nova York. The World of Anna Sui – Exposição Retrospectiva Esta exposição retrospectiva foi apresentada no Fashion and Textile Museum de Londres em 2017 e posteriormente em outros locais, incluindo o Museum of Arts and Design em Nova York. A mostra explorou os arquétipos recorrentes nas coleções de Sui e sua abordagem narrativa na moda.

  • "MODA: UMA FILOSOFIA" LARS SVENDSEN

    O que é moda, afinal? Um espelho da vaidade? Um sistema opressor? Uma forma de arte? Ou tudo isso junto? Em “Moda: Uma Filosofia” , o filósofo norueguês Lars Svendsen nos convida a mergulhar na essência da moda não com olhar superficial, mas com a profundidade de quem enxerga o pensamento por trás do tecido. Filosofia Publicado originalmente em 2004, esse livro é um marco por tratar da moda como um fenômeno filosófico e existencial. Svendsen se pergunta: por que nos vestimos como nos vestimos?   O autor analisa o papel da moda na identidade, no tempo, na cultura e até na liberdade. Ele nos mostra que a moda não é apenas uma questão estética, mas também uma linguagem. Um modo de nos comunicar com o mundo e às vezes de resistir a ele. “A moda é essencialmente modernidade: uma ruptura contínua com o passado.” Essa frase resume bem a linha de raciocínio de Svendsen: a moda está sempre mudando porque faz parte da nossa busca constante por sentido, por diferença, por pertencimento e por distinção. O que você vai encontrar no livro Uma linha do tempo filosófica da moda, desde o século XIX até os dias atuais; Reflexões sobre o impacto da moda no corpo, identidade, consumo e gênero; Análises de pensadores como Baudelaire, Kant, Nietzsche, Simmel e Barthes, que ajudam a entender como a moda vai muito além do visual; Uma crítica à superficialidade com que a moda muitas vezes é tratada, mostrando que, sim, moda é pensamento. Curiosidades sobre Lars Svendsen Lars Fredrik Händler Svendsen Nascido em 16 de setembro de 1970, é um filósofo norueguês. Professor de Filosofia na Universidade de Bergen, na Noruega, e ficou conhecido por tornar temas complexos mais acessíveis sempre com linguagem clara e argumentos fortes. Além de A Moda: Uma Filosofia , escreveu outros livros instigantes como “A Filosofia do Tédio” , “A Filosofia da Liberdade”  e “Medo: Uma História Cultural” . Por que ler? O livro te convida a refletir sobre quem você é e o que você comunica com seu estilo, sem cair em fórmulas ou modismos vazios, e vai mudar a forma como você vê o ato de escolher uma roupa. É uma defesa da moda como campo legítimo do pensamento humano, com suas contradições, sua beleza e seus dilemas.

  • AS "FAST FASHION" E SEUS IMPACTOS PARA O MUNDO

    O que é Fast Fashion? O termo fast fashion (moda rápida) define um modelo de produção e consumo de roupas baseado em rapidez, volume e baixo custo. Inspirado nas tendências das passarelas, o fast fashion transforma em poucas semanas uma ideia vista nas semanas de moda em peças disponíveis nas vitrines das lojas. Esse ciclo acelerado visa incentivar o consumo constante, oferecendo roupas novas com muita frequência e preços acessíveis. Como surgiu o fast fashion? O conceito de fast fashion começou a se formar no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, principalmente com o crescimento da globalização e a transferência da produção têxtil para países com mão de obra mais barata. A marca espanhola Zara é amplamente reconhecida como pioneira no modelo, implementando uma estratégia que consistia em renovar o estoque com novos modelos a cada 15 dias o que revolucionou a indústria. Logo, outras empresas como H&M e Forever 21 seguiram o mesmo caminho, consolidando o fast fashion como o novo padrão da moda global. Como funciona esse modelo? O fast fashion opera com base em: -Produção acelerada: do design à loja em menos de um mês. -Baixo custo de produção: terceirização em países com regulamentações trabalhistas frágeis. -Alta rotatividade: novas coleções lançadas a cada poucas semanas. -Preços acessíveis: o que estimula a compra por impulso e o descarte frequente. As maiores fast fashions do mundo Zara (Espanha) H&M (Suécia) Uniqlo (Japão) Forever 21 (EUA) Shein (China) Primark (Irlanda) C&A (Holanda/Brasil) Fast fashion no Brasil O Brasil também tem um cenário forte de fast fashion, com grandes redes que adotam o modelo de produção e reposição rápida: Renner Riachuelo C&A (atua fortemente no Brasil) Marisa Lojas Pernambucanas Essas empresas utilizam o apelo do preço baixo aliado a tendências para atrair consumidores, principalmente das classes C e D. Impactos positivos do fast fashion Embora criticado por muitos motivos, o fast fashion trouxe algumas mudanças significativas: Democratização da moda, mais pessoas passaram a ter acesso a roupas inspiradas em tendências de luxo. Geração de empregos, o crescimento da indústria têxtil criou milhões de vagas no mundo todo. Estimula a economia, movimenta o varejo, incentiva o consumo e a inovação no setor logístico. Impactos negativos do fast fashion Apesar de aparentar ser um modelo de sucesso, o custo real do fast fashion é alto e raramente é pago por quem consome. Ambiental Desperdício têxtil: estima-se que 92 milhões de toneladas de roupas sejam descartadas por ano no mundo. Poluição: a indústria da moda é a segunda que mais polui o planeta, atrás apenas da do petróleo. Uso excessivo de recursos naturais: 2.700 litros de água são necessários para produzir uma única camiseta de algodão. Social Exploração de mão de obra: milhares de trabalhadores incluindo crianças trabalham em condições precárias, principalmente no Sudeste Asiático. Baixos salários e jornadas abusivas: a pressão por preços baixos gera um sistema de exploração velado. Psicológico e comportamental Obsolescência programada do desejo, os consumidores são incentivados a comprar mais e mais, desenvolvendo uma relação desequilibrada com o consumo. Descartabilidade cultural, as roupas deixam de ter valor simbólico ou durabilidade tornando-se descartáveis como objetos de uso único. Alternativas ao fast fashion Diante da crescente crítica ao modelo, surgiram alternativas como: Slow Fashion , modelo que valoriza qualidade, durabilidade, transparência e ética na produção. Moda circular , reaproveitamento de tecidos e peças, reciclagem e brechós. Consumo consciente , repensar a real necessidade antes de consumir. O fast fashion transformou a forma como consumimos moda, tornando-a acessível e ágil mas a que custo? Embora tenha democratizado o acesso ao vestuário e movimentado a economia, seus impactos socioambientais e culturais são alarmantes. É preciso refletir, estamos nos vestindo com liberdade ou sendo levados por um sistema que nos treina a consumir sem pensar? A moda pode e deve ser uma ferramenta de expressão pessoal, mas também essencialmente de responsabilidade coletiva.

  • COMPRE MENOS, ESCOLHA MELHOR!

    A moda está em tudo, no que vestimos, no que sentimos e no que comunicamos ao mundo. Mas em meio a um consumo desenfreado, onde o novo é descartável e as tendências duram semanas, uma pergunta ecoa forte entre quem busca mais autenticidade e menos desperdício: Eu preciso disso ou estou sendo condicionada a querer? A resposta nos leva a um novo paradigma, comprar menos e escolher melhor. A era do excesso e a ilusão da escolha Durante anos, fomos levados a acreditar que variedade é sinônimo de liberdade, fast fashion, coleções semanais e promoções constantes criaram uma sensação de escassez artificial, o famoso "compre agora ou vai acabar" . Resultado? Armários lotados, roupas esquecidas, dinheiro desperdiçado e um planeta que não aguenta mais tanto descarte. O volume de roupas descartadas no Brasil ultrapassa 170 mil toneladas por ano! E a maior parte nem sequer foi usada mais de 5 vezes. A nova lógica do vestir, menos volume, mais intenção Compre menos, escolha melhor não é sobre se privar, mas sobre ser intencional . É um convite a desenvolver um olhar mais apurado, autêntico e sustentável, um estilo que nasce do autoconhecimento e não da vitrine. Como aplicar essa filosofia: Descubra seu estilo pessoal ao invés de seguir tendências, observe o que você realmente ama usar . Quais peças fazem você se sentir incrível? Que cores te representam? Crie uma pastinha no Pinterest com referências que refletem sua essência, não a do algoritmo. Avalie o custo por uso (CPV) Uma peça cara pode valer mais a pena se for usada por anos, enquanto uma peça barata pode sair cara se só for usada uma vez. O CPV nos ensina que o valor real está na durabilidade e na versatilidade. Invista em qualidade, não quantidade Tecidos resistentes, cortes atemporais, boas costuras. Aprender a identificar uma peça bem feita é um superpoder. Pode ser nova, pode ser de brechó, o importante é que ela dure e se encaixe em você como extensão da sua personalidade. Planeje antes de comprar Liste o que você realmente precisa, teste combinações com o que já tem, espere alguns dias antes de decidir. O tempo é um ótimo filtro para o impulso. Seja fiel a quem você é, não ao calendário da moda. Tendências passam, mas o estilo pessoal permanece. Quando você se veste com autenticidade, suas roupas deixam de ser descartáveis e passam a ser extensão do seu universo. Moda como consciência Vestir-se com consciência é um ato político, estético e emocional. É saber que cada escolha de consumo carrega histórias, da costureira que produziu a peça, do tecido que levou recursos naturais, da energia que circula ao redor de tudo que tocamos. Comprar menos e escolher melhor é, no fundo, um gesto de respeito por você mesma e pelo mundo que te cerca. E no fim das contas... Menos peças no armário significam mais clareza sobre quem você é . Mais espaço, mais dinheiro para investir em outras experiências, mais liberdade para criar um estilo que não depende de opiniões alheias, mas de identidade!

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